quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Entrevista a Leonilde Medeiros Canário


Leonilde Canário é uma mulher da pesca natural dos Mosteiros, tem duas filhas, é casada com Manuel José Canário, têm o barco “Flor dos Mosteiros 187” que é o sustento da sua família.
O seu pai e avô eram pescadores, e a sua mãe também tinha cédula marítima, por isso, desde pequena que está ligada ao sector piscatório, “ajudando” em todas as actividades relacionadas com a pesca.
Assim que o seu barco chega a terra começa toda a sua lida, Leonilde vai para o porto ajudar o marido a carregar o peixe, a separá-lo de acordo com o peso e tamanho, lava o barco, prepara os anzóis para a isca e, algumas vezes trata da administração do barco, dirigindo-se à Lotaçor e à Capitania.
Durante o Inverno, dedica-se à apanha da minhoca e do caranguejo para a isca.
Relativamente à questão da discriminação, Leonilde refere que não se sentia discriminada pelos homens, porém algumas mulheres criticavam-na por ir para o porto um “lugar de homens”. Mas ela nunca se importou com esse tipo de comentários, pois tem muito orgulho em ser uma mulher da pesca.
Apesar disso, devido à crise porque está a passar toda a economia, nomeadamente o sector piscatório, Leonilde hoje em dia não recomenda esta vida.
Segundo ela as medidas/leis implementadas pelo Governo nem sempre beneficiam os pescadores, muitas vezes esquecem-se que o sustento de muitas famílias depende da pesca e da ida para o mar, e devido às constantes leis e proibições que são impostas este sector tem vindo a perder reconhecimento.
Leonilde refere com alguma nostalgia que muitos jovens já não querem seguir a vida da pesca, ao contrário dos seus pais e avós, terminando assim com uma tradição de família.
Para ela um dos motivos tem a ver com o facto de este sector não garantir uma remuneração fixa todos os meses, o que nos dias que correm é fundamental.

Texto e foto: Joana Medeiros