sexta-feira, 8 de julho de 2011

3º Aniversário da Ilhas em Rede


A Associação de Mulheres da Pesca nos Açores – Ilhas em Rede (IR) assinala este mês de Julho, o seu terceiro aniversário.

Constituída formalmente em 8 de Julho de 2008 e com associadas em praticamente todas as ilhas, a IR tem como principal objectivo a valorização sócio - profissional das mulheres da pesca que trabalham nos Açores e surgiu no âmbito do projecto “A Mulher na Pesca” desenvolvido pela UMAR-Açores.

Em São Miguel a data será assinalada esta sexta-feira, dia 8 de Julho, com um lanche convívio, uma exposição de fotografias e o visionamento do documentário “Compassos de Mudança”. Todas estas actividades terão lugar no Centro Comunitário e de Juventude de Rabo de Peixe.

Relativamente à exposição intitulada “Mulheres semeando um outro mar” é composta por cerca de 40 fotografias e procura retratar e dar a conhecer o percurso das mulheres da pesca nos Açores durante a última década. As fotos documentam não só as várias tarefas por elas desempenhadas no sector e nas comunidades piscatórias, como também as diferentes iniciativas em que as mesmas têm participado, quer por iniciativa da UMAR - Açores quer de outras associações, como sejam encontros, congressos, workshops, entre outras. A exposição resulta de uma parceria entre a Ilhas em Rede, a UMAR e o Gabinete de Assessoria ao Jovem de Rabo de Peixe e poderá ser visitada até finais de Agosto, em horário normal de expediente.

Em relação ao filme “Compassos de Mudança” será exibido pelas 15h. Realizado por Maria Simões, este filme documenta uma Oficina de Teatro d@ Oprimid@, levada a cabo na Ribeira Quente, em finais do ano passado, e protagonizada por mulheres da pesca. A exibição doeste documentário está aberta ao público em geral.

Ainda no âmbito das celebrações do 3º aniversário da Ilhas em Rede, o mesmo documentário será exibido dia 23 de Julho em São Mateus e dia 29 na Biblioteca Pública da Horta, pelas 14 horas.

Texto e foto: Laurinda Sousa

terça-feira, 5 de julho de 2011

Pesca de pequena escala açoriana mais rentável, empregadora e ecológica


Defining scale in fisheries: Small versus large-scale fishing operations in the Azores”, “Definindo a escala na pesca: as operações de pesca de pequena versus grande escala nos Açores” é o título do estudo publicado recentemente numa conceituada revista científica internacional, a Fisheries Research, pelos investigadores do Departamento de Oceanografia e Pecas (DOP) da Universidade dos Açores (UAç) Natacha Carvalho e Eduardo Isidro e por Gareth Edwards-Jonesb, da Escola de Ambiente, Recursos Naturais e Geografia da Bangor University, do Reino Unido.

Na investigação, onde são analisados dados de 10 anos de actividade pesqueira (entre 1995 e 2005), os autores constatam que a pesca de pequena escala, dita artesanal, nas ilhas tem aumentado de importância ao longo dos anos, tanto em termos de volume desembarcado, como no seu valor.

“A pequena pesca (embarcações até 12 metros) emprega mais pessoas, descarrega mais pescado que atinge maior valor por tonelada do que o da pesca de maior escala. A pesca de pequena escala também consume menos combustível e tem menos impacto nos mananciais e nos habitats”.

Neste artigo científico constata-se que “a pesca de pequena escala parece mais socialmente, economicamente e ambientalmente justa”.

Paradigma de desenvolvimento

“A frota de pesca açoriana, como a maioria das pescas a nível mundial, é caracterizada por um dualismo na forma de coexistência das operações de pequena e de grande escala competindo pelos mesmos recursos limitados, zonas de pesca e mercados”, denotam os investigadores que caracterizando a actividade artesanal com embarcações até 12 metros de comprimento, referem que a mesma é “dominada por pequenas, antigas, barcos de madeira de baixa potência, similar a embarcações do Mediterrâneo ou a frotas de pesca europeias menos desenvolvidas, tal como na Grécia, Estónia e na Córsega”.

Se o paradigma de desenvolvimento durante as décadas de 50 a 70 foi o de que “a progressão natural da pesca do mundo seria necessariamente encaminhada para o modo industrial”, em que o sector da pesca de pequena escala foi considerado ineficiente e em grande parte ignorado (…). No entanto, as operações de pesca artesanal sobreviveram e até prosperaram apesar da marginalização de longa duração”.

Pesca artesanal na agenda política

“Após mais de meio século de um forte imperativo de modernização económica que colocou a economia e a eficiência na agenda política para as pescas, a arena política está finalmente se tornando mais conducente para a manutenção da pesca artesanal. A noção de que a pequena pesca é provavelmente a nossa melhor opção para uma utilização sustentável dos recursos sustentáveis, juntando a maioria dos critérios necessários para uma política de pesca esclarecida em termos de emprego, distribuição de rendimento, consumo de energia e qualidade do produto, ganhou importância, com muitos estudos enfatizando o significado social, a diversidade cultural e a importância económica de sustentar este subsector”.

Bancos de pesca “limitados”

A Zona económica exclusiva (ZEE) dos Açores possui cerca de um milhão de km2 (948.439 km2) , com uma profundidade média de cerca de 3000 metros “mas apenas cerca de 7 por cento dessa área é inferior a 1500m de profundidade”, assim, denotam: “os potenciais bancos de pesca são limitados e essencialmente restritos às estreitas faixas de águas rasas ao redor das ilhas e nas proximidades de bancos e montes submarinos”.

“A pesca dos Açores têm sido tradicionalmente caracterizada como sendo artesanal (o uso das tradicionais, artes de pesca passivas e métodos de trabalho intensivo) e em pequena escala (tamanho da embarcação reduzida com área limitada de operação) e considerada como sustentável (proibição de engrenagens destrutivas, como redes de arrasto e redes de emalhar de fundo). Mais recentemente, a situação mudou com a exploração artesanal tendo sido sucessivamente substituídos por pesca comercial. Muitas das áreas de pesca estão sendo intensamente pescadas e várias populações de peixes demersais, como o goraz, parecem ser muito exploradas, em especial em montes submarinos nos Açores”.

Pesca captura 50 a 60 espécies

A actual pesca nos Açores, referem os investigadores, captura “entre 50 a 60 espécies das 500 existentes no ecossistema açoriano”.

Na revista “Fisheries Research” a faina artesanal açoriana que assenta “viagens de curta duração” resulta no fornecimento de “produtos frescos, que, em geral, obtêm preços mais elevados”.

Outra vantagem é o facto de “as quantidades relativamente baixas de peixe desembarcado nas operações de pequena escala também permitem que a tripulação dedique mais tempo à limpeza e preparação do pescado para uma apresentação mais favorável, buscando preços mais elevados”.

O estudo reconhece que embora na pesca de grande escala, os pescadores “parecem ganhar um pouco mais do que os de pequena escala, auferindo cerca de 700 euros por mês enquanto que na pequena escala pode-se ganhar cerca de 550 euros”, na pesca artesanal a mão de obra tem uma “oportunidade de um subsistência mais diversificada, com fontes adicionais de renda”, uma vez que é muito mais condicionada pelas condições climáticas que fazem-nos gastar menos dias no mar.

Gastos de combustível

Em termos de consumo total de combustível, o sector da pesca de pequena escala “aparece ser menos intensivo (137 litros por tonelada), consumindo quase metade do combustível por tonelada de pescado desembarcado pela pesca de grande escala (239 litros por tonelada).

Em suma; destaca o artigo científico: “o sector da pequena pesca açoriana também parece ser mais capaz de satisfazer vários dos objectivos da política formulada por vários países, tais como, a captura de peixes para consumo humano directo, proporcionar emprego e obter um maior valor económico de cada tonelada de pescado desembarcado”.

“O sector da pesca de pequena escala nos Açores, ao contrário de outros estudos obtêm mais capturas do que a pesca de larga escala, respondendo por 52 por cento do total de desembarques na região. Isto pode ser devido à natureza extensa do sector da pesca de pequena escala, que reúne 90 por cento da frota regional, sendo responsável por aproximadamente o mesmo valor no número de desembarques”.


Por: Humberta Augusto, in Jornal "A União" publicado dia 2 de Julho de 2011

Foto: Laurinda Sousa

Mulheres da Pesca iniciam formação em TIC


Numa parceria entre a UMAR-Açores (projecto Caminhos em Terra e no Mar) e a NORMA Açores, decorre desde o passado dia 4 de Julho, uma acção de formação em “Competências Básicas em Informática” direccionada para mulheres da pesca da ilha de São Miguel.

A formação, com duração de duas semanas, tem uma carga horária de 30 horas e decorre na sala de Informática do Centro Comunitário e de Juventude de Rabo de Peixe.

O objectivo principal da iniciativa é a promoção e aquisição de novas competências por parte destas mulheres, mais concretamente ao nível de conhecimentos sobre utilização básica de computadores e as principais aplicações informáticas: Windows, Word, Excel, Powerpoint e Internet.

No término do curso, as formandas deverão ser capazes de realizar uma sessão de trabalho com o computador, criar um texto simples, guardá-lo e imprimi-lo, pesquisar informação na Internet e receber/enviar mensagens por correio electrónico.

Texto e foto: Laurinda Sousa